Ter uma liga independente que organize e istre o Campeonato Brasileiro é algo em pauta no país há décadas, mas que agora parece mais perto de virar realidade - ainda que discordâncias emperrem o acordo definitivo entre os grupos Libra e Liga Forte Futebol (LFF). 5v2s4v
O interesse pelo assunto, porém, não se restringe ao país. A ESPN aproveitou a presença de representantes de alguns dos principais campeonato do mundo ao evento Sports Summit São Paulo e os questionou sobre como enxergam a formação de uma Liga do Brasil.
Todos são unânimes em apontar que o futebol brasileiro precisa de uma liga formatada para conseguir ganhar relevância e ser consumido pelo mundo do esporte.
Os dirigentes também acreditam que o país já perdeu muito tempo em discussões que não levaram a lugar algum e só vão poder avançar na briga contra os grandes campeonatos da Europa se entrarem em acordo.
Veja abaixo as opiniões:
Espanha: 'Uma liga forte no Brasil é prioridade' 5mm46
A ESPN conversou com dois representantes de LaLiga, que concordaram sobre a necessidade da criação de uma competição brasileira nos mesmos moldes da espanhola, que inclusive prestou consultoria a um dos grupos sobre a criação do modelo.
"A gente foi convidado ano ado pela Forte Futebol para trazer nosso exemplo. Éramos uma uma liga estruturada, o que mudou foi a centralização dos planos, que é o grande salto para construir a liga. Uma liga por si mesmo não vai trazer diferente, o que difere é a gestão e como se vende o produto", explica o delegado Daniel Alonso.
"Somos um modelo que pode ser um bom exemplo ao Brasil. Nos colocamos à disposição, seja para Libra ou Liga Futebol, porque a gente entende que quanto mais profissional seja o futebol, vai ser melhor para todo o ecossistema do futebol. Mas só vai ter sentido se todos os clubes estiverem de acordo com o modelo, para aumentar a competitividade e a sustentabilidade do campeonato. O campeonato vai crescer, mas todos têm que chegar a um ponto de acordo", completou.
Diretor internacional de LaLiga, Octavi Anoro também é amplamente favorável à implementação do modelo e aposta no sucesso do campeonato no Brasil.
"Para nós, uma liga forte no Brasil é prioridade. Queremos uma liga local forte. Se a liga local é forte, o futebol cresce neste país e todos se beneficiam", afirmou o dirigente. "Falando do Brasil, é preciso centralizar os direitos de transmissão. Acredito que os clubes brasileiros têm que chegar a um acordo, trabalhar de forma unificada e trabalhar para crescer. Com o talento, bom trabalho, produto reconhecível para o fã, seria algo explosivo e serviria para o Brasil crescer com destaque. Já são dominantes aqui na América do Sul".
Portugal: 'Brasil perde oportunidade atrás de oportunidade...' 5qj12
A necessidade da criação de um formato independente no Brasil é apontada por Pedro Proença, ex-árbitro e hoje presidente da Primeira Liga, que organiza o Campeonato Português. Para ele, o país desperdiçou muito tempo no ado e precisa implementar a liga o quanto antes para turbinar seu produto.
"Não é possível exportar uma liga brasileira se o Flamengo faz contrato individual e o Corinthians faz o mesmo. É preciso uma liga, um produto brasileiro. Quando mais depressa avançar com esse processo, mas ganharão os clubes, mais ganhará a liga profissional e o futebol brasileiro. Acho que o Brasil está a perder oportunidades atrás de oportunidades", afirmou Proença.
"Na Europa, todos os grandes campeonatos têm ligas à frente. É a especialização do futebol profissional, e o Brasil tem que dar esse o rapidamente. Com o talento, a capacidade de gerar jogadores e treinadores, o número de jogadores que produz, o Brasil vai ter um salto qualitativo. O marketing brasileiro é fantástico, o engajamento, a procura que o futebol brasileiro tem, a maneira que os brasileiros vivem o futebol, não tenho dúvida nenhuma que nesse momento o futebol brasileiro vai estourar. É um modelo de sucesso".
O português também a liga do país à disposição para auxiliar na montagem do formato brasileiro.
"[A Liga de Portugal] Nunca foi ada para participar desse processo. Se formos, temos prazer de transferir esse conhecimento para a frente. Vai acontecer uma liga brasileira, não tenha dúvida. Agora é saber quando acontecerá. A Liga Portuguesa estará sempre disponível. Ajudamos Angola a criar uma liga e de graça, porque acreditamos nisso. O dia que formos chamados, de forma gratuita faremos e com muita boa vontade".
Alemanha: 'Muitas conexões com a Bundesliga' 6u6x3l
Robin Austermann, head da Bundesliga na América Latina, também vê com bons olhos a criação de uma liga no Brasil, embora não esteja totalmente a par de todas as situações envolvendo os clubes nacionais.
"O Brasil tem inúmeros grandes atletas que estiveram na Alemanha. Uma liga do Brasil teria muita qualidade em diferentes times. É difícil acompanhar o que acontece no Brasil atualmente por não ser uma liga. O que eu sei é que a qualidade é alta. Tem muita paixão pelo futebol. Vejo muitas conexões com a Bundesliga".
A Alemanha adotou o formato de liga em 2002 e, apesar do predomínio do Bayern de Munique em relação aos demais no âmbito esportivo, é vista como um dos grandes casos de sucesso da Europa, pela sua divisão de recursos e competitividade. Para Austermann, determinadas situações poderiam ser incorporadas ao formato brasileiro.
"Nós estamos muito distantes para dar qualquer tipo de conselho neste momento. A única coisa que posso falar é como funciona na Bundesliga. Não é um sistema perfeito, mas tem funcionado. Nós nos estabelecemos como liga em 2002. São 36 clubes no total e todos com o mesmo interesse. Nós mantemos uma conexão próxima com nossos clubes. Mesmo com diferentes opiniões e visões, ao final, chegamos a um ponto de combinação".
Equador: 'Se Brasil fizer liga séria, vai dominar o mundo' 5u4569
Na América do Sul, a única liga de fato independente é a LigaPro, que organiza o Campeonato Equatoriano. O país teve consultoria e ajuda máxima dos fundadores de LaLiga, da Espanha, e enxerga este como um caminho que o Brasil precisa percorrer para dar um salto qualitativo.
"Me surpreende que o Brasil não tenha uma liga independente", diz Miguel Ángel Loor, presidente da LigaPro. "É certamente o país com maior potencial de talentos do mundo. E tem muito dinheiro, pode contratar jogadores que são impagáveis para o restante do continente", afirmou o dirigente.
Loor enxerga potencial no futebol brasileiro, e também no argentino, para rivalizar com qualquer campeonato da Europa em termos de mídia, engajamento e qualidade.
"Se Brasil começar uma liga, será uma das três mais fortes do mundo. Hoje o Equador é a única liga independente do continente. Para mim, é melhor que não façam nada e sigamos competindo (risos). Mas, se Brasil e Argentina fizerem ligas sérias e se organizarem economicamente como produto, vão dominar o mundo".