Futebol Americano
Mark Ogden, de Manchester (ING) 209d

'Tentando apagar vários incêndios ao mesmo tempo': os bastidores da crise sem precedentes do Manchester City 2i5g2n

Pep Guardiola está descobrindo o significado da palavra "crise" no Manchester City. 3z6k18

É uma sensação nova para o treinador de 53 anos, que viveu enorme sucesso em todos os clubes que dirigiu e influenciou o futebol de maneira que ninguém mais conseguiu na "era moderna" do esporte. Mas as rachaduras estão começando a aparecer em seu império no Etihad Stadium.

A derrota do sábado (9) por 2 a 1 para o Brighton, pela Premier League, viu Guardiola sofrer quatro revezes consecutivos pela primeira vez em sua carreira de técnico, iniciada em 2008, no Barcelona. O resultado também marcou a primeira oportunidade em que o City perdeu quatro duelos em sequência desde 2006, dois anos antes do clube ser comprado pelo sheik Mansour bin Zayed e seus bilhões de Abu Dhabi.

Tottenham, Bournemouth, Sporting e Brighton venceram os Citizens num espaço de 10 dias, por três competições diferentes. Certamente não é o "quatro em seguida" que os torcedores do clube vinham esperando desde o tetracampeonato consecutivo da Premier League conquistado na temporada ada.

É sempre perigoso descartar um grande campeão e tentar decretar o início de seu declínio, mas é um fato que isso chega para todos, não importa o esporte. O problema é que o fim de uma era é quase impossível de ser previsto. Os sinais só ficam claros quando você olha para trás e tudo parece óbvio. Mas, se Guardiola tivesse dado uma olhada nos últimos meses, os sinais estavam todos lá...

"Hoje eu fui perguntado se esse resultado marca o fim de uma era", disse o espanhol, em sua coletiva após a derrota para o Brighton.

"Eu sei que é isso que as pessoas querem. Eu venho sentindo esse cheiro já há muitos anos. O que nós fizemos nas últimas temporadas foi incrível, mas, se alguém quiser tirar o título da gente, isso vai acontecer... Porque nos próximos 50 anos, nós não vamos ganhar todos os campeonatos. Isso é impossível", salientou.

Se olhados de maneira isolada, os obstáculos que atrapalharam o City não parecem suficientes para desestabilizar um clube dessa magnitude, ao mesmo tempo que levantam dúvidas sobre a capacidade da equipe em dar a volta por cima. Mas, quando uma coisa começa a se juntar sobre a outra, as pressões e distrações criadas por cada um podem se tornar pesadas demais.

A batalha fora dos campos contra as 115 acusações de irregularidades financeiras feitas pela Premier League (que o time nega) viraram uma nuvem que paira em cima do clube há meses. Ela certamente impactou na capacidade da equipe atrair novos jogadores para o Etihad. Por quê? Porque nenhum jogador top vai se arriscar a contrato com um clube que pode sofrer punições financeiras sem precedentes, uma dedução enorme de pontos e até mesmo a expulsão da liga.

O anúncio feito em outubro de que Txiki Begiristain vai deixar seu posto como diretor de futebol dos Citizens em janeiro, após 13 anos de serviços prestados, também impactou Guardiola de maneira forte, já que eles têm uma relação muito próxima no trabalho e também são grandes amigos, já que atuaram juntos pelo Barcelona e se conhecem há décadas. O City já anunciou que Begiristain será substituído por Hugo Viana, do Sporting, mas o adeus de Txiki aumentou ainda mais o ruído sobre uma possível saída de Pep, cujo contrato se encerra em junho do ano que vem e ainda não foi renovado.

Esses problemas inicialmente eram vistos como um "pequeno ruído" ouvido apenas nos bastidores. No entanto, o que vem acontecendo agora no campo fez o volume aumentar para um nível desconfortável.

Seria simplista demais atribuir todos os problemas do City à lesão do volante Rodri, que rompeu os ligamentos do joelho contra o Arsenal, em setembro, e não atuará mais na temporada. Mas o atleta de 28 anos, que recentemente foi coroado com a Bola de Ouro 2024, é uma figura importantíssima na equipe, e as estatísticas comprovam.

Desde o início da temporada 2023/24 até o duelo contra os Gunners, Rodri atuou em 53 oportunidades pelos Citizens e só perdeu um jogo: a final da FA Cup contra o Manchester United. Quando o meio-campista está em campo, a porcentagem de vitórias dos celestes é de 73,6%. Sem ele, cai para 58,3%.

No entanto, o City ganhou seis e empatou um nos sete jogos seguintes à lesão de Rodri, o que significa que o time havia encontrado uma maneira de atuar sem ele. Só que aí viram outras lesões, como Kevin De Bruyne, John Stones, Manuel Akanji, Rúben Dias, Jack Grealish e Jérémy Doku...

Agora, os Citizens estão "pagando o preço" de terem vendido Julián Álvarez para o Atlético de Madrid, na janela de transferências de inverno, sem contratar um substituto. O clube só trouxe o ponta Savinho, além do meio-campista Ilkay Gündogan, sem conseguir repor as perdas de maneira suficiente. Isso deixou o elenco com um número bem melhor de atletas profissionais do que outros gigantes da Premier League.

A isso, soma-se o fato de que nomes importantes do plantel de Guardiola estão começando a entrar nas retas finais de carreira. Atletas como De Bruyne (33 anos), Kyle Walker (34), Mateo Kovacic (30), Gündogan (34), Bernardo Silva (30) e Ederson (31) vão precisar de reposição mais cedo do que tarde.

Um dos fatores do alarmante declínio do Manchester United logo após o final da "era Alex Ferguson", que acabou em 2013 após 13 títulos ingleses em 20 anos, foi a idade elevada do elenco e a incapacidade da diretoria em achar substitutos para nomes como Patrice Evra, Rio Ferdinand, Nemanja Vidic, Michael Carrick e Paul Scholes.

O último time escalado por Ferguson nos Red Devils teve uma idade média de 27,54 anos. Já o 11 inicial de Guardiola em Brighton x City teve uma idade média de 25,72 - mas vale citar que os Citizens escalaram Rico Lewis e ainda promoveram a estreia de Jahmai Simpson-Pusey, ambos de apenas 19 anos.

O Manchester City e Pep Guardiola estão tentando apagar incêndios em diversas frentes, tanto dentro quanto fora de campo, e o impacto disso está sendo visto nos resultados recentes. Mas o fato é que o time tem qualidade demais para ser descartado. A equipe está apenas cinco pontos atrás do líder Liverpool e possui confronto direto contra os Reds, em 1º de dezembro, que pode "resgatar" a temporada.

"Quando tivemos todos os jogadores de volta, não tenho a menor dúvida de que retornaremos ao nosso melhor", previu Guardiola na entrevista após o revés para o Brighton.

Mas é fato que, pela primeira vez desde que chegou ao City, e pela primeira vez em sua ilustre carreira, Pep pode estar tentando convencer a si mesmo e a seus jogadores dessa mensagem, tanto quanto tenta prová-la a todos os outros...

Próximos jogos do Manchester City 6g4g4k

  • Tottenham (C) - 23/11, 14h30 (de Brasília) - Premier League - Transmissão pelo Disney+

  • Feyenoord (C) - 26/11, 17h (de Brasília) - Champions League

  • Liverpool (F) - 01/12, 13h (de Brasília) - Premier League - Transmissão pelo Disney+

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