Seleção Brasileira
André Kfouri, blogueiro do ESPN.com.br 343d

OPINIÃO: Jogo de handebol sem gols frustra o Brasil, e Costa Rica celebra a sobrevivência 724z5c

É algo simbólico, como um selo de origem garantida, que o sucessor de Fernando Diniz na seleção brasileira estreie num torneio oficial no mesmo dia em que ele foi demitido do Fluminense. O país que não aceita que equipes em por momentos de irregularidade e adota a troca de comando como única solução, também exige que a seleção ofereça espetáculos e ganhe, sem se importar com a quantidade de sessões de treinamentos que um treinador, seja quem for, tenha o luxo de comandar. 3t533y

Costa Rica entrou em campo para se defender. Neste caso, um campo menor (5 metros no comprimento e 4 metros na largura, em relação ao “padrão FIFA”). O SoFi Stadium talvez seja o ápice da suntuosidade tecnológica em estádios no mundo, mas, nesta Copa América, é a suíte presidencial de um hotel 7 estrelas com uma cama de solteiro. Como esperado, a seleção teve a bola e a iniciativa. Chegou ao fundo com facilidade; tramou com velocidade e precisão, mas finalizou com defeito. O gol saiu via jogada de bola parada – esse santo remédio – com Marquinhos, após desvio de Rodrygo, mas foi anulado pelo VAR por impedimento do zagueiro brasileiro.

Como esperado, a Costa Rica sofreu. Optou, provavelmente com acerto, por não discutir a posse, permitindo ao Brasil operar ao redor dos 70% da bola. E também não demonstrou muito interesse em mantê-la nos poucos trechos em que a teve, vítima do trabalho eficiente da seleção na recuperação. O foco dos costarriquenhos estava na vigilância dupla sobre Vinicius Junior, o que faz sentido do ponto de vista de um adversário tão inferior tecnicamente, mas não pode ser a razão pela qual Vinicius e Rodrygo, que jogam e se entendem tanto no Real Madrid, praticamente não tenham se visto no gramado. As melhores defesas do futebol de clubes deste planeta penam para contê-los, mas a Costa Rica conseguiu como se fosse uma tarefa mundana.

Um jogo em que uma das equipes não precisa se defender, nem mesmo do risco eventual de um contra-ataque, é uma sucessão de jogadas em que se espera que o gol aconteça. Algo próprio de treinamentos, não de competição. Exceto um chute de Paquetá, de longe e na trave, porém, o Brasil não teve tantos momentos. A demora foi um convite à aparição de uma das atrações desta Copa América; a ocasião da entrada de Endrick. Minuto 71, no lugar de Vinicius. Seria incorreto dizer que foi uma blitz brasileira no fim, porque o fim não foi diferente do começo ou do meio. Um jogo de handebol disputado de um lado só, em que a bola ameaçou, ou perto, mas não entrou.

Ao menos um jogador da Costa Rica ergueu o punho ao apito final, numa celebração de sobrevivência futebolística. O jogo não aceita a obrigação de premiar, no resultado, o time que ganhou a contagem de finalizações por 19 a 2, mas permite que a frustração converta em vencedor momentâneo quem lutou tanto para empatar. E é um exagero, depois de um festival de ataque contra defesa, dizer que a seleção brasileira jogou mal. Porque é necessário lembrar que se trata de um novo projeto de time, por mais estranho que este conceito pareça.

Próximos jogos do Brasil:  656o5j

  • Paraguai - 28/06, 22h (de Brasília) - Copa América

  • Colômbia - 02/07, 22h (de Brasília) - Copa América

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