A história de Cléber no Palmeiras começou em uma conexão no aeroporto de Madri em 1993. José Carlos Brunoro, então homem forte da Parmalat e que liderava a co-gestão do futebol alviverde, desejava contratar o zagueiro revelado no Atlético-MG, que naquele momento defendia o Logroñés-ESP. 4l3j3l
O presidente da modesta equipe da primeira divisão espanhola era um milionário dono de diversas adegas espalhadas pela Europa.
Por ser um empresário muito ocupado, ele combinou de encontrar com o cartola brasileiro entre dois voos para tentar fechar a negociação.
“O Brunoro estava um pouco desconfiado, mas aceitou. Eles chegaram a um acordo para os valores e o Brunoro falou: ‘Agora, é só colocar no papel e ’. Mas o presidente disse: ‘Não precisa colocar nada no papel. O que vale é a minha palavra’. O Brunoro até se assustou, mas deu tudo certo. Curiosamente, eu só fiquei sabendo disso há pouco tempo!”, contou Cléber, ao ESPN.com.br.
O defensor foi contratado em setembro de 1993 ao Palmeiras, que tinha acabado de encerrar o jejum de 17 anos sem títulos importantes.
“Quando eu cheguei o pessoal tinha tirado o peso da fila. Logo em seguida, nós fomos campeões brasileiros, algo que não acontecia há muitos anos também. Em 94, a equipe cresceu e fizemos o bi do Paulista e do Brasileiro”, contou o defensor.
Ao lado de Antônio Carlos, Cléber formou uma das melhores zagas do país.
“Nossa parceria foi espetacular, aprecia até nome de dupla sertaneja (risos). Nós tínhamos uma amizade muito legal fora de campo também com as famílias. Ele era um cara muito agregador e tinha uma bagagem ótima por ter sido campeão da Libertadores e do Brasileiro pelo São Paulo”, contou.

“A gente já tinha se encontrado na Espanha. Depois que terminou o jogo contra o Albacete, o Antônio me convidou para jantar na casa dele com a família. Depois, coincidiu de sermos contratado pelo Palmeiras. Foi a melhor dupla de zaga que atuei”, contou o ex-defensor.
Com um elenco estrelado, comandado por Vanderlei Luxemburgo, o Palmeiras marcou época.
“O ego dos jogadores era naturalmente muito inflamado, quase sempre tinha algum pepino para resolver (risos). Ele soube istrar bem e foi inteligente”, elogiou.
Consagração no Palmeiras 1z242t
Cléber acredita que um erro da diretoria alviverde custou o título da Libertadores em 94.
“Só não fomos campeões porque o Mustafá nos levou para fazer uma excursão pelo Japão e chegamos em cima da hora para jogar contra o São Paulo. Estávamos muito cansados por causa do fuso horário”.
O Palmeiras foi eliminado pelo rival, que foi vice-campeão daquela edição. Depois de ar 1995 sem títulos, Cléber fez parte de outro esquadrão alviverde, que venceu o Paulistão no ano seguinte (marcando 102 gols) e foi vice da Copa do Brasil.
“Nossa equipe era uma seleção. Só não fomos campeões da Copa do Brasil porque não renovaram o contrato do Muller”, disse.
Depois da final, o Palmeiras ou por uma grande reformulação até a chegada de Felipão, em 1997. No Brasileiro daquele ano a equipe alviverde perdeu a decisão do Brasileiro pelo Vasco, que jogava por dois empates para ser campeão.
“O Edmundo entrou normal no jogo dando muito trabalho para gente, mas tomou o cartão amarelo e ficaria suspenso. Ele ficou maluco e foi orientado pelo Eurico para cavar a expulsão”.

“Os caras estavam de recesso e abriram a CBF domingo de manhã para conseguir julgar o efeito suspensivo para o Edmundo jogar de tarde. Nunca vi isso. O Vasco até poderia empatar com a gente, mas sem o Edmundo o Vasco ia sentir muito psicologicamente”.
Em 1998, porém, os títulos voltaram. O Palmeiras faturou a Copa do Brasil e a Mercosul, ambos em cima do Cruzeiro. No ano seguinte, foi campeão da Libertadores.
agem vitoriosa no Cruzeiro 4v3h5s
Depois de quase sete anos no Palmeiras, Cléber transferiu-se para o Cruzeiro, no qual venceu a Copa do Brasil de 2000 sobre o São Paulo de forma dramática e também a Copa Sul-Minas.
“No último lance eu tirei uma bola em cima da linha”, relembra.
Depois de vencer a Sul-Minas e disputar a Libertadores, o zagueiro foi para o Santos, no qual seu tio Mazinho tinha sido atacante nos anos 70 com Pelé.
“Quando cheguei à sala de troféus foi mágico porque me lembrei da minha avó me dando a camisa do meu tio. Parecia um filme”.
Inspirado pelo parece famoso, Cléber tinha começado como atacante no futebol amador e depois foi para a base do Atlético-MG.
“Mas eu não tinha vocação e ia ser dispensado depois da Copa São Paulo de futebol júnior. Eu fiquei em casa só esperando o dia da dispensa. Quando eles voltaram, o técnico me chamou para conversar e achei que seria mandado embora, mas ele me disse que os dois zagueiros do Atlético-MG tinham ido ao Flamengo. Ele me disse que ia mandar embora, mas perguntou se eu topava jogar de zagueiro e eu disse que sim. Depois disso, virei capitão na base e subi aos profissionais”.
Pouco mais de dez anos depois de virar zagueiro, Cléber foi para a Vila Belmiro, mas não obteve o mesmo sucesso.
“Infelizmente nosso momento não foi bom. Conseguimos manter o time na Série A do Brasileiro, mas com a chegada do Leão [2002] eu fui para a Suíça”, recordou.
Estudante nos EUA 4m2p2u
Após um ano na Europa, Cléber aceitou o convite feito pelos amigos César Sampaio e Rivaldo, que cuidavam do futebol do Figueirense, para voltar ao Brasil. Em três temporadas, o zagueiro virou ídolo da torcida no Orlando Scarpelli.
“Foram anos maravilhosos por lá. Tenho uma relação muito boa com a torcida até hoje”, contou.
Em 2006, ele foi para o São Caetano, mas terminou o ano rebaixado para a Série B do Brasileiro e pendurou as chuteiras.
“Eu ainda tinha condições de continuar, mas por estar jogando há muito anos e viajando eu resolvi parar para priorizar a família. Foi uma decisão muito difícil porque me cuidava muito”, explicou.

Cléber chegou a trabalhar no departamento de futebol do América-MG, Mogi Mirim e Rio Claro. O ex-defensor ainda foi treinador no Araxá-MG e no Metropolitano-SC antes de mudar para os Estados Unidos com a família.
“Em 2015, as minhas filhas foram fazer faculdade nos EUA e a gente não queria ficar longe delas. Nós viemos como estudantes para terminar a criação delas. Eu e a minha esposa somos estudantes de inglês, nós íamos para a escola normalmente antes do coronavírus. Agora, nossas aulas são online. Antes eu não sabia nada e agora consigo me comunicar bem”, finalizou.