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Luís Araújo 141d

Alerta em Boston, revanche sem graça, Jimmy Jordan, jovens esperanças: o que rolou e no que ficar de olho na NBA 72lx

A frase “nunca subestimem o coração de um campeão” pode não ser estranha para muito fã de NBA por aí, especialmente para aqueles que acompanham o esporte há mais tempo. Foi exatamente isso o que Rudy Tomjanovich, técnico do Houston Rockets em 1995, falou logo depois de seu time conquistar o título daquele ano. 6b2m3l

Para quem não se lembra, os Rockets tinham vencido o campeonato em 1994, mas não fizeram campanha tão boa assim na temporada seguinte. Classificaram-se para os playoffs apenas no sexto lugar do Oeste, o que fez muita gente hesitar em imaginá-los bicampeões. Parecia, mesmo, mais fácil se apoiar na queda de nível para atribuir maior favoritismo a alguns outros concorrentes.

No fim das contas, como bem sabemos hoje, os Rockets foram superando cada um dos seus oponentes. Não foi fácil: as séries contra Utah Jazz e Phoenix Suns, por exemplo, só foram definidas no último jogo. Mas os campeões foram avançando, varreram o Orlando Magic na decisão e celebraram mais uma conquista, roteiro que embalou o discurso de Tomjanovich.

Não precisa nem dizer que a frase foi relembrada incontáveis vezes ao longo destes quase 30 anos. Como se fosse um lembrete de que temporada regular é uma coisa, playoffs são outra. E a não ser em caso de mudança drástica no elenco, não se recomenda mesmo descartar um time campeão da corrida pelo título no ano seguinte. Às vezes acaba não dando, claro, a história mostra o quanto bicampeões não aparecem toda hora. Mas por tudo o que um time vencedor viveu na caminhada até a glória, convém-se a ressalva.

Na atual temporada, ninguém em sã consciência cravaria que o Boston Celtics não será campeão novamente. A equipe ainda é muito forte, conta com todas as principais peças do ano ado e tem o tal do “coração de campeão”, que pode ser interpretado como uma bagagem acumulada por quem já chegou ao topo. Não é pouca coisa.

Mas que alertas podem e devem ser acesos, isso também não se discute.

A história da última semana 4d4q1h

O Boston Celtics ainda está em segundo lugar na Conferência Leste e tem à disposição praticamente o mesmo time que eou pelos playoffs no ano ado e conquistou o título. Ninguém aqui vai falar que os caras já eram porque seria uma enorme estupidez. O quinteto mais usado pela equipe nesta temporada tem mais de 20 pontos de "Net Rating" (diferença entre pontos anotados e sofridos em média a cada 100 posses de bola), o que é um resultado extraordinário. Algumas das derrotas vistas até agora aconteceram em meio a desfalques e é normal mesmo que um atual campeão dê uma diminuída no ritmo logo após conquistarem um título.

Isso tudo até a derrota para o Toronto Raptors na última quarta-feira. Mesmo completos, os Celtics não conseguiram fazer mais do que 97 pontos diante de um oponente que só tinha vencido nove vezes na temporada até então. No último quarto, marcaram apenas 15 pontos. O aproveitamento geral nos arremessos ficou em apenas 39%. É muito pouco.

Não demorou para as demonstrações de insatisfação aparecerem depois da partida. Jayson Tatum falou que o grupo está ando por "algumas m*** neste momento". Kristaps Porzingis foi ainda mais direto. Disse que o time jogou contra os Raptors sem espírito competitivo e sem personalidade.

Parece tempestade em um copo de água, já que estamos falando de um só jogo? Até poderia ser, mas existem algumas questões aí que despertam, no mínimo, um certo alerta. Primeiro que as declarações de Tatum e Porzingis pareceram contundentes demais para um único tropeço. Vale lembrar também que o próprio Tatum chegou a cobrar evolução da equipe em algumas outras oportunidades ao longo da temporada. Aconteceu, por exemplo, após a derrota em casa para o Philadelphia 76ers no Natal.

Depois dias depois de perderem dos Raptors, os Celtics se recuperaram com uma vitória expressiva sobre o Orlando Magic. Logo em seguida veio uma derrota para o Atlanta Hawks, também em Boston. Aí o time viajou para visitar o Golden State Warriors e ganhou por 40 pontos de diferença.

É muita gangorra. Dá para ver pelo lado positivo: que sempre que uma resposta precisa ser dada, esse time consegue fazer isso em grande estilo. Mas esse tanto de instabilidade acompanhada por algumas reclamações internas recorrentes sugere a existência de algum descontentamento lá dentro com o que vem sendo apresentado.

Pode não ser o bastante para criar-se um pânico, é claro. Mas em meio a uma temporada na qual o Cleveland Cavaliers se mostra cada vez mais forte e se distancia do restante no topo do Leste, vale a pena acender o alerta, sim.

Olha o que ele fez 423u27

Eles, na verdade. Vamos lá.

Muito foi falado por aqui sobre o quanto o primeiro encontro entre Cleveland Cavaliers e Oklahoma City Thunder conseguiu atender às expectativas gigantescas que inevitavelmente se criaram nos dias anteriores ao jogo. Não sem a lembrança de que nem sempre as coisas são assim na vida, que o mais comum é até percebermos que algum evento pelo o qual esperamos bastante não acaba sendo tão emocionante na realidade quanto parecia em nosso imaginário. Tudo isso como uma forma de dar valor ao que os dois times nos proporcionaram naquela oportunidade.

Pois bem: quando os dois se reencontraram uma semana e um dia depois, a história foi completamente diferente. Não ou perto de ter a mesma graça.

Mesmo impossibilitado de escalar aquele que vinha sendo seu pivô titular, Isaiah Hartenstein, o Thunder amassou os Cavs desde o começo. Na verdade, o time de Cleveland até chegou a abrir 12 a 10 no placar, depois de uma cesta de três de Max Strus com pouco menos de seis minutos jogados. Mas o que se viu depois foi uma resposta avassaladora do outro lado, que emplacou uma corrida de 30 a 2 e definiu o confronto.

Foi mesmo um jogo de um time só. Os Cavs não tiveram sucesso em defender o "small-ball" do Thunder. Sim, porque Jaylin Williams pode até ter começado na vaga de Hartenstein, mas jogou só por 14 minutos. Na maior parte do tempo, Mark Daigneault usou formações baixas, com gente espaçada pelo perímetro sendo acionada a partir do que Shai Gilgeous-Alexander produzia contra quem o marcasse.

As defesas por zona dos Cavs que tão bem funcionaram no primeiro duelo não tiveram o mesmo impacto. Resultado: o Thunder acertou 50,5% dos seus arremessos, converteu 18 bolas de três e, principalmente, cometeu somente seis desperdícios de posses de bola. O time de Cleveland, por sua vez, teve 21 erros. É muita coisa. Principalmente porque 30 pontos foram produzidos a partir destes desperdícios.

"Eles impam a vontade deles sobre a gente em todos os sentidos. Fomos dominados e não pudemos pará-los. Tudo começa a partir dos desperdícios de posse de bola. Cometemos 21, o que não é característico da gente. Nós sabíamos o que nos esperava, sabíamos que viriam com força e sabíamos da identidade deles. Eles se impam", comentou Kenny Atkinson, técnico dos Cavs.

Mas dá para apontar pelo menos uma coisa que aconteceu igual nos dois jogos: os problemas de Donovan Mitchell para pontuar. Neste confronto em Oklahoma, ele foi limitado a oito pontos e duas assistências, tendo errado 12 dos 15 arremessos que deu.

"Se for para apontar o dedo para alguma coisa, que apontem para mim. Eu preciso fazer meu trabalho. E eu não fiz", disse Mitchell depois do jogo, itindo que deixou muito a desejar.

Abre aspas 6m6g1a

"Estou de volta"

Foi isso o que apareceu escrito em um comunicado emitido pelos agentes de Jimmy Butler para informar que ele estava de volta ao Miami Heat.

Todo mundo sabia que ele retornaria após os sete jogos de suspensão que o Miami Heat deu. O que chama a atenção nesta história é a referência a Michael Jordan. Para quem não sabe, quando decidiu que ia largar o beisebol para voltar ao basquete, em março de 1995, Jordan noticiou isso ao resto do mundo por meio de um comunicado produzido por seu agente. No texto, a única frase atribuída a ele para explicar o que estava por vir foi justamente: "Estou de volta".

Não satisfeito com a história do comunicado, Butler depois ainda apareceu com a camisa de número 45 que Jordan usou no Chicago Bulls quando retornou daquela primeira aposentadoria.

Mas as semelhanças pararam por aí. Em quadra, no primeiro jogo pós suspensão, o camisa 22 do Heat não foi capaz de evitar a derrota por 20 pontos de diferença para o Denver Nuggets dentro de casa. Em 33 minutos de atuação, somou 18 pontos, três rebotes e duas assistências. Nada de outro mundo.

Naturalmente questionado depois desta partida sobre como era tê-lo de volta, o técnico Erick Spoelstra tentou evitar ao máximo falar qualquer coisa mais específica sobre Butler. Disse que sabia que os jornalistas estavam em busca de uma grande declaração dele a respeito deste assunto, mas que ele preferia comentar sobre quanto a apresentação do time, sobretudo na defesa, não foi boa o bastante para fazer frente a um adversário que, ainda nas palavras dele, "acabou" com os seus jogadores. E que tudo isso era o que mais o preocupava porque já era a terceira partida consecutiva que ele observava essa deficiência.

Dois dias depois, o Heat venceu o San Antonio Spurs com alguma tranquilidade. Mas Butler fez só oito pontos e tentou não mais do que sete arremessos. Deu ainda sete assistências e dois tocos, mas o comportamento como definidor de jogadas esteve longe do que apresentou em outros tempos. Parece que a alegria em jogar basquete, coisa que ele mesmo chegou a declarar que estava em falta pouco antes da suspensão, ainda não foi resgatada.

Uma estatística 391f2g

Tyrese Haliburton tem jogado muito bem ultimamente, acertando mais os arremessos de longe que tem tentado, dando assistências enquanto comete menos desperdícios. Tudo isso ajuda a explicar a ótima fase do Indiana Pacers, que parece ter ressurgido nas últimas semanas depois de um começo instável de temporada. Mas há um outro nome que merece ser mencionado ao tentar se explicar o que vem acontecendo com esta equipe: Andrew Nembhard.

Nos momentos em que ele está em quadra, os Pacers anotam em média 10,4 pontos a mais que seus adversários a cada 100 posses de bola. Quando ele está no banco ou simplesmente não joga, a coisa se inverte. O que se tem é um saldo negativo: -5,5 pontos.

Essa diferença de 15,9 pontos entre os dois cenários é maior do que a de qualquer outro jogador do elenco.

Vale também observar um outro dado que corrobora para o impacto dele na equipe. O quinteto mais usado pelos Pacers na temporada reúne ele, Haliburton, Ben Mathurin, Pascal Siakam e Myles Turner. Com essa formação, o time tem limitado seus rivais a apenas 98,3 pontos a cada 100 posses de bola. Para se ter uma ideia do quanto isso é baixo, o Oklahoma City Thunder lidera a liga em eficiência defensiva com 103,2 pontos.

Além destes números todos, chama a atenção em quem assiste os jogos dos Pacers com mais calma que Nembhard tem servido como um desafogo mais do que bem-vindo para Haliburton. O simples fato de ser uma ameaça em tiros de longe já ajuda muito, mas também ele também tem se virado muito bem como ador quando a bola cai em suas mãos.

Será que é para valer? 2jf60

Em seu quarto ano como profissional, Jalen Green tem aproveitamento de 36,3% em bolas de três até agora, o que já significa uma melhora em relação às três temporadas anteriores. Mas se forem considerados apenas os últimos 11 jogos, esse rendimento sobe para impressionantes 46%, com uma média de 8,6 arremessos tentados por jogo — e não menos incríveis 27,7 pontos por partida durante este recorte.

A maior parte dessas finalizações ainda são em jogadas nas quais ele tem a bolas nas mãos e, a partir disso, cria uma oportunidade para o arremesso. Mas parece muito promissor, especialmente pensando no melhor encaixe possível com as características do pivô Alperen Sengun para o funcionamento ofensivo do Houston Rockets, o rendimento especificamente em “catch and shoot”, que são as finalizações executadas logo após um jogador receber o e. Nestas circunstâncias, o aproveitamento de Green nestes 11 confrontos mais recentes salta para 58%.

São números altíssimos, ao ponto de parecer impensável que Green consiga sustentá-los exatamente nestes níveis. O ponto é que não precisa de tanto. Os aproveitamentos podem ser um pouco menores que os de 46% e 58% já citados. Mas se essa fase agora representar simplesmente que ele subiu alguns degraus como arremessador de três e se consolidou como uma ameaça constante no perímetro, especialmente em “catch and shoot”, os Rockets têm muito a comemorar.

O que vai ter na tela da ESPN j3i3a

Quarta-feira (22): 3dn

  • Minnesota Timberwolves x Dallas Mavericks, às 21h30
    Por que assistir: no encontro do Natal entre essas duas equipes, os Timberwolves levaram a melhor, mas sofreram um susto na reta final e quase viram uma vantagem grande evaporar. Desde então, os Mavericks têm jogado sem Luka Doncic e acumulado mais derrotas do que se poderia imaginar em condições normais. Já os Timberwolves ainda lutam para espantar uma instabilidade e enfim voltarem aos trilhos.

  • Golden State Warriors x Sacramento Kings, às 23h59
    Por que assistir: a reação dos Kings depois que Doug Christie assumiu o comando interino chegou a ser assunto por aqui. Como o time continua em alta e entrou de vez na concorrida briga por playoffs do Oeste, a oportunidade de vê-los em ação é mais do que bem-vinda. Principalmente diante de um adversário direto dentro da conferência.

Sexta-feira (24): 3y213t

  • Cleveland Cavaliers x Philadelphia 76ers, às 21h
    Por que assistir: toda oportunidade de ver o time de melhor campanha em ação vale a pena. É tanta coisa boa nos dois lados da quadra que dificilmente o fá de basquete não vai se sentir entretido. Mesmo que a partida seja contra um oponente perdido, que dá cada vez menos pinta de que vai conseguir salvar uma temporada que tanto prometia antes de começar.

Sábado (25): 6t425

  • Indiana Pacers x San Antonio Spurs, às 14h (em Paris)
    Por que assistir: o jogo será em Paris, o que já é um atrativo diferente. É sempre curioso ver como uma cidade de fora dos Estados Unidos recebe uma partida da NBA, ainda mais de temporada regular. O fato de que Victor Wembanyama vai poder jogar diante de seus compatriotas é um tempero a mais, sem dúvidas. Mas vale também a experiência pelos Pacers, que estão em excelente fase, parecem que melhoram a cada semana, nos dois lados da quadra, e estão subindo na classificação do Leste. Uma oportunidade de assistí-los não é de se jogar fora.

  • Denver Nuggets x Minnesota Timberwolves, às 17h
    Por que assistir: falar de Nikola Jokic é chover no molhado, mas ainda assim vale o destaque por aqui de que ele tem emplacado atuações especialmente boas. Ainda mais pelo entrosamento com Russell Westbrook, que tem se movimentado sem bola e virado um bom alvo dos es do sérvio. Vale a pena ficar de olho nas ações da dupla, que dá pinta de estar se azeitando.

  • Boston Celtics x Dallas Mavericks, às 19h30
    Por que assistir: é a reedição da última decisão. Talvez o encontro não aconteça na melhor fase de ambos os times, mas ainda assim vale a atenção.

  • Los Angeles Lakers x Golden State Warriors, às 22h30
    Por que assistir: não são equipes que estão exatamente voando neste momento, sobretudo os Warriors. Mas pode valer a pena prestar um pouco mais de atenção em Austin Reaves, que vem se saindo muito bem na função de armador desde que a assumiu há algumas semanas, e no que o brasileiro Gui Santos consegue fazer com os minutos que receber.

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