Em longa entrevista ao jornal As, publicada nesta segunda-feira, o zagueiro Diakhaby, do Valencia, voltou a falar da suposta ofensa racial que sofreu durante jogo contra o Cádiz, que fez com que a equipe inteira dos Ches abandonasse a partida aos 29 minutos do 1º tempo.
Na conversa com o diário espanhol, o defensor francês contou que foi chamado de "negro de m***" pelo zagueiro Juan Cala, do Cádiz, e relatou até o exato momento em que ouviu a ofensa.
"Ele me disse quando estávamos disputando o lance na área, bem no momento em que eu protejo a bola para ela chegar até meu goleiro. Quando Jaume (Domenech, o goleiro) pega a bola na mão, ele me insulta", afirmou.
"Ele me disse bem no momento em que estava se levantando. Se você olhar a imagem do lance, pode ver que ele gira o rosto para mim e dá para ver que a última palavra que ele diz é 'm***'. Mas quando ele diz a frase toda, 'negro de m***', ele está mais perto do gramado do que de ficar de pé", completou.
Diakhaby também reclamou bastante da postura de LaLiga, entidade responsável por organizar o Campeonato Espanhol, que realizou rápida investigação sobre o tema e descartou que tenha ocorrido ofensa racista.
O francês também ironizou o presidente de LaLiga, Javier Tebas, que disse que o atleta pode ter "entendido errado" o que disse Cala, já que é estrangeiro - no entanto, Diakhaby está em sua 3ª temporada no Valencia e fala espanhol fluentemente.
"Quando eu li a declaração do Sr. Tebas, comecei a rir... Nem sei como explicar. Se ele dissesse que não tinha provas de que Cala disse isso, tudo bem... Mas ele disse que eu entendi errado... É bastante estranho ele falar uma coisa dessas", disparou.
A investigação sobre o tema segue, e pode ir parar nos tribunais espanhóis nas próximas semanas. O zagueiro do Valencia, todavia, reclamou que nenhuma das 17 câmeras do estádio Ramón de Carranza tenha uma imagem que mostre o rosto de Cala na hora das ofensas para que possa ser feita leitura labial.
"Não consigo entender isso. No futebol atual todos conseguem ver e ouvir tudo! Dá para ouvir todas as conversas entre os jogadores, e, quando não é possível ouvir, dá para fazer leitura labial. Eu não consigo entender o fato de dizerem que não dá provas, de verdade", lamentou.
"Mas o que eu posso fazer? Nada. Só posso dizer a verdade, e é isso que estou fazendo. Não entendo que só haja imagens de longe nesse lance, não há nenhuma de perto", acrescentou.
Por fim, Diakhaby disse não ter medo de ir a julgamento lado a lado com Cala, mas mostrou pessimismo e disse ter certeza que o atleta do Cádiz não será punido caso LaLiga não encontre imagens que mostrem claramente o que o espanhol falou no lance.
"Eu não tenho medo. Reitero o que eu entendi (das palavras de Cala), porque entendi muito bem. Moro na Espanha há três anos. E esse tipo de palavras (racistas), entendo mais ainda. Não são palavras complicadas de entender", ressaltou.
"Eu entendo, sim, que Cala pode nãos er punido. Se não saírem novas provas e for um boca-a-boca com versões conflitantes, se não tiverem mais provas, não acredito que ele sofra qualquer punição. Isso é lógico. Mas vamos ver. Espero que surjam mais provas e que façam todo o possível para encontrar a prova definitiva", finalizou.