O Corinthians foi condenado nesta quinta-feira (27) a pagar R$ 40,4 milhões ao meia Matías Rojas, que rescindiu contrato no começo deste ano. O jogador paraguaio, que agora joga ao lado de Lionel Messi no Inter Miami, alegou atraso nos direitos de imagem, que compõem parte dos salários dos jogadores. O valor da indenização corresponde ao que ele tinha a receber até o fim do vínculo dele com o Timão, que ia até junho de 2027.
O advogado de Rojas, Rafael Botelho, concedeu entrevista ao Seleção SporTV nesta sexta (28) e esclareceu o processo o os motivos da história do atleta dentro do Alvinegro ter terminado dessa forma, citando situações com a atual gestão, liderada pelo atual presidente, Augusto Melo, e também a anterior, de Duilio Monteiro Alves.
"Quando o Matías veio ao Brasil, ele tinha, na verdade, várias propostas de outros clubes brasileiros. A proposta do Corinthians não era a maior. Ela era igualmente a duas outras. E ele escolheu vir ao Corinthians por ser o Corinthians, um clube que daria maior repercussão, maior projeção para ele. Esse ano é um ano de Copa América. Ele, felizmente, conseguiu salvar a temporada dele nesses últimos três meses em Miami e foi para a Copa América. Mas o Corinthians não cumpriu de fato o combinado. Ele veio com as luvas, justamente por ser um atleta livre, para serem pagas em três parcelas, julho, setembro e dezembro, e o salário pago... o salário CLT o Corinthians cumpriu, tá? Ele nunca deixou de pagar. Mas as luvas compõem parte da remuneração dele e nunca foram pagas em dia. A parcela de julho foi paga só o equivalente aos impostos que ele teria que recolher em relação a esses pagamentos. A parcela de setembro não foi paga. Quando chegou em dezembro, o atleta poderia já pela Fifa rescindir o contrato porque, no acumulado, o que faltava pagar para ele equivalia mais do que dois meses de salário. Nós notificamos o Corinthians e dissemos: 'olha, vamos rescindir o contrato por essa ausência de pagamento'. O Corinthians pediu alguns prazos e nunca foram respeitados. Até o momento que nós notificamos e dissemos: 'se não for pago até o dia 20 de dezembro, o jogador vai rescindir o contrato'. Nesse período de transição de diretoria, nós tentamos contato tanto com os que estavam siando como com os que entravam. Os que saíam não respondiam e os que entravam diziam que precisavam esperar janeiro para falar. O Matías resolveu esperar mesmo com a possibilidade de rescindir o contrato por justa causa já em dezembro para esperar a virada do ano e tratar com a nova diretoria. Nós, na primeira semana de janeiro, já com vencimento da parcela de dezembro e, portanto, eu vi em vários lugares da mídia que a dívida do Corinthians era de cinco milhões e fez um acordo de oito. Na verdade, não. Eram 5 milhões em dezembro. Dia 31 de dezembro venceu uma nova parcela e entramos em janeiro com uma dívida de 8. Fizemos um acordo sem multas, sem juros, sem correção monetária, em 6 parcelas para ajudar o Corinthians a cumprir para que o atleta ficasse no Corinthians, que era o intuito dele. O Corinthians pagou a primeira parcela, já não pagou a segunda. Mesmo com o contrato prevendo 5 dias de carência, o Corinthians não cumpriu os 5 dias. Mesmo com o contrato prevendo que eu não precisaria notifica-los, nós notificamos e demos mais uma semana. ou uma semana sem nenhum contato por parte do Corinthians. E aí, no dia 28 de fevereiro, nós rescindimos o contrato. E na primeira semana de março, nós entramos com ação na Fifa. E nunca falamos com o Corinthians desde então."
De acordo com o advogado, embora eles tenham tentado algumas vezes, ninguém dentro do clube entrou em contato para tentar resolver a situação de uma forma que não seria tão custosa quanto a que acabou definida pela Fifa.
"Entre a data que nós notificamos a rescisão do contrato, 28 de fevereiro, e a data em que entramos na Fifa, que foi dia 6 de março, nós tentamos sim o contato. Aliás, da nossa parte, inclusive, para dizer que existia um risco. Olha, o Corinthians se salvou de um risco grande. Ele poderia ter tomado duas janelas de impedimento de registro de atletas por ter rescindido o contrato de um atleta nesse período protegido, que são esses primeiros três anos de contrato que ele tinha com o Corinthians. Eu até disse: 'vocês correm o risco de tomar 40 milhões na cabeça e tomar uma sanção. Vamos fazer um acordo até em valor menor, atrasado sem o risco da sanção, porque o atleta também já fica livre sem risco, ínfimo que fosse, de ter uma reversão na Fifa e ele não ser declarado vencedor. Isso seria melhor para todos'. E infelizmente não tivemos retorno. Nada aconteceu. ada essa semana, a gente entrou na Fifa. Aí, desde então, de fato, não tivemos nenhum outro contato."
E mesmo que o Corinthians tenha sido derrotado na Fifa, em decisão que ainda pode ser recorrida à Corte Arbitral do Esporte (CAS na sigla em inglês), que é considerada a última instância para casos do tipo, o clube neste momento não está impedido de fazer novas contratações, mesmo antes de pagar o valor.
"Na verdade, ele (Corinthians) não fica impedido de registrar ninguém. Só seria impedido de registrar se não cumprir com o pagamento em 45 dias. Só que na prática, esse prazo de 45 dias é fictício porque o Corinthians e o Matías têm prazos agora para pedir os fundamentos da decisão. A Fifa simplesmente comunicou o resultado sem dizer quais são os fundamentos desse resultado. E depois de receber esses fundamentos, abre um prazo de 21 dias para apelar ao tribunal arbitral do esporte. Então, no momento que você apela, suspende a sentença do julgamento pelo tribunal. Então, nenhum pagamento tem que ser realizado até que seja transitado e julgado, digamos, na segunda instância essa apelação", explicou Rafael Botelho.
Rojas foi contratado pelo Corinthians em 2023 e não agradou. Foram 30 jogos disputados e nenhum gol marcado.
Próximos jogos do Corinthians: 3l6n8
Palmeiras (F) - 01/07, 20h (de Brasília) - Brasileirão
Vitória (C) - 04/07, 20h (de Brasília) - Brasileirão
Cruzeiro (F) - 07/07, 16h (de Brasília) - Brasileirão