Christian Eriksen foi formado na base do Ajax e morou em uma casa de família holandesa 42g35
Um ano após quase morrer em campo durante a Eurocopa por causa de um ataque cardíaco, Christian Eriksen deu a volta por cima. O meia voltou aos gramados para defender a Dinamarca, que encara a Áustria pela Uefa Nations League, nesta segunda-feira (13), às 15h45h (de Brasília), com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
Antes de virar um astro do futebol com agens por Tottenham e Inter de Milão, o meia precisou ar uma experiência incomum no futebol brasileiro.
Após começar no Brondby, ele chegou à base do Ajax ainda na adolescência. O dinamarquês foi colocado pelo clube nos primeiros meses em Amsterdã para morar na casa de uma família holandesa para que pudesse se adaptar mais rapidamente ao país.
Seus "pais postiços" cuidavam de sua alimentação e do bem-estar, mas o hóspede devia ajudar nas tarefas de casa, como lavar a louça, tirar a mesa e limpar o próprio quarto.
Quem conta é o brasileiro Danilo Pereira da Silva, jovem atacante que ou pelas bases de Santos, Corinthians e Vasco e que hoje está no time profissional do Ajax, após ter ado com sucesso pelas categorias de base alvirrubras.
Danilo morou exatamente na mesma casa (e com a mesma família) que Eriksen viveu quanto chegou à Holanda, e contou à ESPN como é o funcionamento do "intercâmbio".
Veja seu depoimento:
Cheguei ao Ajax e morei na casa de uma família holandesa que tem certificado. Eles te dão transporte e toda a estrutura até pelo menos você aprender inglês, um pouco de holandês e se adaptar à cultura do país. E dentro do Ajax tem uma escola que você a a frequentar.
A minha família era um casal mais velho que tinha dois filhos adultos, mas que já não moravam mais com ele. A regra principal era que sempre depois das refeições a gente tinha que ajudar. Um lavava a louça, o outro tirava a mesa e outro lavava e guardava os talheres. Eles cozinhavam tudo, mas a gente tinha a obrigação de deixar tudo tinindo depois.
Esse programa de adaptação eles fazem mais para os estrangeiros que para os holandeses. O Filipe Luís ou por isso também no Ajax, e o Eriksen, por coincidência, morou há alguns anos nessa casa que eu morei depois.
Eles me diziam que o Eriksen era um ótimo menino e que trabalhou muito para chegar aonde chegou. Sempre foi um meio-campista fantástico e um menino de boa criação. O pai da família inclusive guarda várias camisas dos jogadores que aram lá, inclusive uma do Eriksen.
O que eu mais aprendi nesta experiência foi a ter respeito e tratar sempre bem as pessoas. A família nos recebeu muito bem, a ponto de a gente nem pensar mais que estava longo do nosso país e da nossa família de verdade. Algumas vezes tinham algumas discussões, porque eu queria sair, mas eles não deixavam. 'Nós estamos aqui cuidando de você, não pode!'. Eu ei a entender que eles só queriam meu bem e aceitei. Tínhamos sempre que seguir as regras deles, não dá pra fazer o que você bem entender.
A família sempre marcava em cima e exigia total responsabilidade nos nossos compromissos. Eles sempre pediam para a gente avisar os horários e onde a gente ia, de forma que eles não ficassem preocupados.
Nos treinos do Ajax, a gente sempre trabalha o 'um-dois' para ter espaço e se movimentar sempre pensando em ajudar o companheiro a ter opção. Um a por cima e o outro pelas costas da defesa. Eles gostam muito disso. É só ver como jogam o Tadic e o Van de Beek, sempre fazendo infiltrações e alternando posições. É algo treinado desde a base. Fazemos muitas rodas de 'bobinho' bem sério, de cinco contra dois, que ensina a sair da pressão na saída de bola. Aqui o mais comum é a base treinar no 4-3-3 ou 4-1-2-3, sempre com três atacantes.
Fora de campo, a gente tem muita liberdade para conversar com os diretores, que são na maioria ídolos do clube. Eles nos am muitas dicas para melhorar em campo e corrigem os erros. Perguntam muito sobre a nossa vida, querem saber o que está acontecendo, se estamos tendo algum tipo de problema... Eles querem que a gente não tenha preocupações e possa focar só em jogar bola.
A maior diferença da base do Ajax para a do Brasil é a forma que eles pensam. Eles não puxam os meninos do time sub-17 direto para o profissional. Tem que ar pela equipe B antes, então você não queima etapas e você tem que construir uma trajetória até alcançar o elenco profissional.