Uma situação específica antecipada para esta épica final de CONMEBOL Libertadores entre Boca Juniors e Fluminense atormenta os pensamentos tricolores e enchem de esperança os corações xeneizes: a possibilidade de uma disputa de pênaltis. A partida que decide o título mais importante do futebol sul-americano acontece neste sábado (4), às 17h (de Brasília), no Maracanã, com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.
Se por um lado o Fluminense ou pouco por esta situação na temporada, os argentinos têm vasta amostragem. E, na tentativa de antecipar o que pode ser visto no Maracanã daqui algumas horas, o DataESPN destrinchou todos os pênaltis batidos e enfrentados pelo Boca nesta temporada, com dados sobre os principais batedores e o goleiro Sergio Romero, informações úteis e também opiniões.
Fator Romero 2d4l35
Talvez o que mais impressione ao analisarmos o goleiro titular do Boca enfrentando pênaltis seja a precisão de seus movimentos.
Nesta temporada, o arqueiro acertou o canto das cobranças em dois terços das vezes (17 de 26 chutess) e foi deslocado pelo batedor em apenas 35% das vezes. Para efeito comparativo, em 2023, Fábio acertou o canto em apenas dois dos seis pênaltis enfrentados.
Para o professor Júlio Serrão, chefe do Laboratório de Biomecânica da Escola de Educação Física e Esportes da Universidade de São Paulo (USP), esse fator é determinante para o sucesso de Romero na marca da cal.
"Ele tem uma velocidade de movimento impressionante e o tempo de reação dele é muito pequeno. O fato de ele conseguir chegar rápido no canto que ele quer chegar é definitivo para ele defender", explicou o doutor. "E ele ainda tem uma capacidade de gerar força rápida no membro superior [braços] também que é incomum".
A prova de sucesso do argentino em jogadas assim é que ele tem a mesma quantidade de defesas e gols sofridos em todas as cobranças de pênaltis nesta temporada: 12, além das duas batidas para fora. Esses números, por si só, são consideravelmente respeitáveis para um goleiro em penalidades.
E os números são ainda mais impactantes durante disputas de pênaltis: dez dos 19 batidos contra Sergio Romero em situações como essa não entraram. O número representa 53% das cobranças em disputa, algo que atesta a grandiosidade da figura e impressiona até mesmo quem esteve em seu lugar no ado.
"Ele tem uma explosão muito boa", opina Fernando Prass, ex-goleiro ídolo de Coritiba, Vasco e Palmeiras, hoje comentarista dos Canais Disney. "Ele acerta o canto por ter estudado o batedor e a chance de isso virar uma defesa aumenta por ele ter essa explosão, pois ele sai quando o batedor finca o pé de apoio".
Prass também observou dois comportamentos de Romero debaixo dos postes: os mais laterais em cima da linha do gol, encurtando alguns centímetros entre ele e o canto, e algumas saídas mais antecipadas, onde o camisa 1 já tinha definido o canto onde efetuaria a defesa.
"Isso é típico do goleiro que tem muita certeza de onde o batedor vai chutar".
Olho nos batedores 6x5b2e
Não é somente da competência de Sergio Romero que o Boca se vale nas penalidades. O aproveitamento geral dos batedores é de quase 85%, tendo convertido 22 das 26 cobranças (dos 11 atletas que estiveram na cal para o Boca nesta temporada, apenas Merentiel não converteu).
Há detalhes interessantes sobre os batedores do Boca Juniors e que mostram alguns padrões principalmente nas já habituais situações de disputas de pênaltis neste ano, como a que o clube ou em fases mais recentes da Libertadores.
O meia Exequiel Zeballos, por exemplo, é um dos homens de confiança do técnico Jorge Almirón. Não à toa, abriu todas as disputas que participou na temporada. Com batidas fortes e precisas buscando o canto do adversário, o camisa 7 não repetiu o canto de forma seguida: sua última cobrança, por exemplo, foi no lado direito do goleiro.
Outro atleta que se destaca na marca da cal é o carrasco palmeirense Darío Benedetto. Nesta temporada, o atacante converteu quatro de suas cinco cobranças com alternância de cantos, mas com a mesma mecânica de batida e decisão na finalização, que atinge 80% de precisão.
Entretanto, o destaque técnico dentre os batedores do Boca Juniors é o jovem Valentín Barco. Na mira de Manchester City e outros gigantes da Europa, ele é o único do elenco xeneize que toma sua decisão de batida conscientemente baseado nos movimentos do goleiro, a quem observa até o último momento em que firma o pé de apoio.
"A leitura dele é muito rápida. E essa velocidade de reação faz com que ele se permita ter primeiro a leitura para depois definir como bater", analisou o professor Júlio Serrão.
Fernando Prass destacou ainda o movimento do breve pulo que Barco executa segundos antes da batida.
"Ele faz isso para 'quebrar o tempo' do goleiro. Você pode ou atrasar ou adiantar a saída dele, e nesse caso ele dá esse pulo para já fazer a leitura. E esse tipo de batedor é mais difícil de se enfrentar, porque você não pode definir o canto".
Vem daí, por exemplo, a localização das cobranças no mapa: baixas e não muito no canto. Isso se deve ao fato de, por conta desta dinâmica especial, o goleiro já ter sido deslocado em seu movimento, permitindo que Barco apenas jogue a bola na direção oposta. Como faz, por exemplo, Neymar.
Onde assistir a Boca Juniors x Fluminense pela CONMEBOL Libertadores? 6x5f6v
Boca Juniors e Fluminense se enfrentam no dia 4 de novembro, às 17h, no Estádio do Maracanã, pela decisão da CONMEBOL Libertadores, com transmissão ao vivo pela ESPN no Star+.