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Aposta de Dorival para '9' da seleção, João Pedro viu mãe abrir mão de comida para vê-lo crescer: 'A gente ava necessidade'

Aposta do técnico Dorival Júnior para o ataque da seleção brasileira, que enfrenta a Colômbia em Brasília, nesta quinta-feira (20), pelas eliminatórias da Copa do Mundo, João Pedro é mais uma esperança para resolver o "problema" da camisa 9, uma posição que ainda busca um dono incontestável.

Hoje no Brighton, time que faz boa temporada na Premier League, o atacante ou por muita coisa antes de saborear mais uma oportunidade de representar a seleção. João Pedro teve uma infância difícil, em que viu a mãe, Flávia, abrir mão até de comida para poder vê-lo trilhar o seu sonho.

"A gente estava ando necessidade. Eu tinha uma calça, um tênis... Minha mãe comia ovo todo dia e deixava o pedaço de carne para mim. Ela sempre me apoiou e dizia que era importante eu comer. Não desisti por causa dela e isso me deixa mais forte", disse o atacante, em antiga entrevista ao FOX Sports.

Filho do ex-volante Chicão, que foi vice-campeão paulista com o Botafogo-SP em 2001, João começou em uma escolinha do próprio time tricolor, aos cinco anos.

Antes de se mudar para o Rio de Janeiro, onde foi revelado pelo Fluminense, ou por franquias de Santos e Corinthians em Ribeirão Preto até ser descoberto em um torneio em Val Paraíso (SP). Um dos principais responsáveis pela vinda do jovem foi Luiz Felipe, que à época era auxiliar do sub-11 do Tricolor das Laranjeiras e trabalhava como captador de talentos.

"Eu viajava bastante para fazer captação em quase todo Brasil. O Ricardo Correa me ligou falando que tinha avaliação em cinco cidades do interior de São Paulo. Ele disse: 'O que você acha, dá para ir? Nossa verba não é de avião e você precisará ir de ônibus'. Respondi: não tem problema. Peguei 17 horas de viagem e fui para a competição", disse em 2019 ao ESPN.com.br.

O desempenho do jovem atacante logo chamou atenção de Luiz, que fez o convite a João Pedro para que ele fizesse testes na base do Flu, em Xerém, na Cidade Maravilhosa. E o encontro só aconteceu por conta de um cachorro quente.

"Tinha uma barraquinha de cachorro quente na praça em frente, e quando chego lá quem estava sentado? O João Pedro, a mãe dele e mais dois garotos que atuavam com ele. Dei os parabéns pelo jogo e falei para eles que era funcionário do Fluminense. Fiz um convite para eles conhecerem a nossa estrutura de Xerém", explicou.

"Eu o vi jogar no dia seguinte e ele foi bem outra vez. Fiz um relatório ao departamento de captação do Fluminense e mantive contato com a família. Nesse tempo outros times convidaram o João Pedro, mas a Flávia, mãe dele, foi muito firme", prosseguiu.

A mudança para o Rio aconteceu em 2012, após João Pedro ser aprovado nos testes no Fluminense. E apesar da oportunidade, a família seguiu ando por muitas dificuldades financeiras. Sem receber o aluguel da casa que possuíam no interior de São Paulo, a ajuda de custo de R$ 300 por mês oferecida pelo clube carioca não era suficiente para as despesas.

A mãe do atacante então falou com o diretor da base do Flu à época e, depois de explicar toda a situação, o clube fez um novo contrato com o garoto, e as coisas começaram a melhorar. A gratidão pelo gesto foi tão grande que a família depois recusou ofertas de outras equipes brasileiras.

"Até hoje mantenho contato com a Flávia e com João. Você trabalhando nessa área acaba entrando na vida deles também. Digo que a Flávia é uma das grandes responsáveis por isso porque foi batalhadora. Ela pediu transferência de emprego de Ribeirão para o Rio e depois ficou desempregada. Eles aram muito sufoco", recordou Luiz Felipe.

Em 2019, João Pedro foi lançado por Fernando Diniz no profissional do Fluminense e teve uma rápida ascensão. Foram 10 gols e duas assistências em 37 jogos pelo clube carioca. Em seguida, se transferiu para o Watford, da Inglaterra, quando completou 18 anos, e ou quatro temporadas por lá. Em 2023, foi contratado pelo Brighton.

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