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OPINIÃO: Na estreia de Carlo, um Brasil tímido e confuso 4s4427

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Ancelotti analisa empate na estreia pelo Brasil, critica gramado e vê viagens longas como 'problema' (1:54)

Equador e Brasil empataram em 0 a 0 pelas eliminatórias para a Copa do Mundo (1:54)

A presença de Carlo Ancelotti à beira do campo tem um apelo poderoso a ponto de transformar uma das noites mais constrangedoras da história da seleção brasileira num evento longínquo, embora tenha acontecido em 25 de março. O ‘baile de Buenos Aires’, importante registrar, se deu no dia seguinte à eleição unânime de Ednaldo Rodrigues para a presidência da CBF, outra ocorrência embaraçosa que a muitos convém não lembrar. A confederação está, afinal, em uma nova era. Uma era em que o presidente é um ilustre desconhecido e o técnico da seleção é um membro honorário da elite do jogo. Brasil, um país de contrastes.

Ancelotti pretende que o seu Brasil se inspire no Real Madrid da temporada 2023/24, que ele conduziu ao título da Liga dos Campeões da Uefa em jornadas épicas. Aquele Madrid tinha craques e pedigree de campeão, além de uma predileção pessoal pelo futebol emocionante, arrebatador, que deixa marcas na pele. Um time humilde o suficiente para entender quando não era o melhor e arrogante o suficiente por saber que era, sim, o melhor. Considerando o material humano à disposição da seleção, a ideia não é ruim, mas talvez demande o tempo de trabalho e a convivência que as datas Fifa não disponibilizam aos times nacionais.

Em Guayaquil, numa noite que tocou os 30 graus, Carlo se apresentou com um terno impecável para o primeiro jogo de sua aventura brasileira. Já a seleção atuou como geralmente fazem os times em início de gestação, com um total de três sessões de treinamento. Gerson e Vanderson optaram por não chutar a gol em duas ocasiões claras que fizeram falta diante de uma prestação ofensiva tímida e, por vezes, confusa. O Equador, despreocupado pela convicção de que estará na Copa do Mundo, não se limitou a marcar – bem – o Brasil e até cedeu campo para Vinicius e Estêvão correrem. Em qualquer ângulo, não foi um encontro divertido. Uma finalização para cada lado no primeiro tempo. Na segunda parte, o primeiro chute a gol, do equatoriano Yeboah, tardou 22 minutos.

O final foi um pouco mais agitado. Um corta-luz de Gerson dentro da área criou rara chance para Casemiro, que chutou fraco e na direção do goleiro Gonzalo Valle. Alison defendeu um disparo de Estupiñán, sem perigo. O 0 x 0 foi um destino do qual os dois times não conseguiram fugir e é natural que a conta da seleção brasileira seja mais salgada, pelo potencial e pelo mister em sua noite de estreia. Respeitadas as distâncias e a noção de que os tempos funcionam de maneira distinta para clubes e seleções, a posição de Ancelotti era equivalente à do técnico que é contratado na quarta-feira, comanda dois treinos e dirige o time no domingo. Responsabilizá-lo pelo que não funcionou é uma insanidade até para os padrões nacionais.

Para a seleção, a ‘nova era’ é também mais um recomeço. Tem sido assim desde que a última Copa do Mundo terminou e a CBF de Ednaldo achou que treinadores interinos, por definição ou tratamento, levariam o navio por águas tranquilas. O futebol não costuma tolerar esse nível de tolice, mas sempre oferece uma oportunidade adiante. Para Ancelotti e o Brasil que ele imagina, é o Paraguai, na próxima terça-feira (10) em São Paulo.

Próximos jogos do Brasil: 195w40