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Entenda a 'crise' que abala um dos principais esportes olímpicos do Brasil e fez Rayssa Leal e outros astros se posicionarem

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Rayssa Leal se posiciona em relação a polêmica de qual entidade será responsável pelo skate nas Olimpíadas (1:10)

Via: @rrayssalealsk8 | Skatista brasileira de 15 anos, medalhista olímpica, defendeu a autonomia da Confederação Brasileira de Skateboarding (1:10)

Rayssa Leal, Pedro Barros e outros skatistas brasileiros fizeram postagens simultâneas nesta terça-feira (12) em defesa da Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk), em meio a um processo nos bastidores pelo qual a entidade a há tempos e que tem até 31 de dezembro para ser encerrado.

Em março de 2023, a World Skate (nome adotado pela antiga Federação Internacional de Desportos sobre Patins desde 2017) notificou os comitês olímpicos de cada país que apenas uma confederação deveria ser responsável pelas modalidades sobre patins, como a patinação e o hóquei.

Essa orientação já era antiga, uma vez que o Comitê Olímpico Internacional (COI) pede desde a integração do skate como modalidade olímpica que apenas uma entidade por país trate de todas as modalidades sob a responsabilidade da federação internacional correspondente, que no caso é a World Skate.

Para as Olimpíadas de Tóquio, essa questão já tinha levantado uma polêmica que fez com que diversos skatistas da elite mundial ameaçassem boicotar a competição, principalmente dos países que possuem confederações diferentes para tratar do skate e da patinação, como era o caso do Brasil, Estados Unidos e Canadá.

A World Skate acabou abrindo uma exceção e fez um acordo com o COI para permitir que a modalidade ficasse com as confederações de skate, mesmo nos países que já tivessem uma outra entidade filiada à federação internacional. No entanto, a World Skate colocou até o final de 2023 para essa questão ser solucionada, senão ela mesmo escolherá qual confederação será a responsável por todas suas modalidades: skate, patinação e hóquei.

O prazo está acabando, e o skate brasileiro ainda não sabe por qual entidade será representado junto à federação internacional para a disputa olímpica: a CBSk ou a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP)? Essa indefinição explica a movimentação de alguns dos principais nomes da modalidade do país.

Os medalhistas olímpicos e ícones da modalidade postaram em suas redes sociais as hashtags #SomosTodosCBSk e #SomosTodosSkateboarding. Rayssa ainda divulgou um storie explicando seu posicionamento.

"Tem muita gente me perguntando sobre esse post que muitos skatistas do Brasil fizeram e eu fiz também. Pelas normas da World Series, tudo teria que juntar, e nós skatistas entendemos que a CBSk é a entidade que nos representa desde sempre, e não faz sentido ter outra confederação para cuidar da nossa modalidade. Que é apenas a CBSk que nos representa", falou a medalhista nos Jogos de Tóquio em 2021.

Em entrevista exclusiva concedida em setembro durante o COB Expo, o presidente da CBSk, Eduardo Musa, também abordou a questão e garantiu que uma fusão entre as confederações está descartada.

"A dificuldade principal é que as pessoas que cuidam da federação internacional não entendem nada de skate. A federação internacional (World Skate), por um documento de papel, toma conta do skate e toma essas decisões. Está um pouco está desconectado do skate. Os torneios de skate tradicionais estão sempre cheios de patrocinadores, mas as etapas classificatórias para as Olimpíadas estão sem patrocinadores, mas com nível técnico altíssimo porque os skatistas estão lá, mas só tem a relevância para o skatista pela classificação olímpica".

"Aceitamos uma representatividade compartida, mas específica de cada modalidade. Não queremos representar outros esportes, e não queremos que outro esporte nos represente. Queremos independência estatutária, istrativa, financeira e esportiva. Qualquer arranjo que crie uma representatividade compartilhada, principalmente nas questões das outras disciplinas, a gente não se opõe. O que a gente não quer é compartilhar as decisões do skateboarding".

O presidente da CBHP, Moacyr Jr., também em entrevista exclusiva, contou que aguarda uma definição da federação internacional sobre a questão e que tenta, desde 2017, chegar a um acordo com a CBSk

"A CBHP é filiada da World Skate. A gente fez uma proposta em 2019, com a CBSk em cópia, para World Skate e o COB, mas a confederação de skate não nos respondeu. A ideia era ter duas vice-presidências e que a do skate teria total autonomia e independência financeira. Nós estamos na expectativa para que isso seja resolvido. A CBHP tem um plano caso o skate volte. Vamos dar autonomia e trazer pessoas do esporte para dentro. Nós já manejamos 12 modalidades e todas elas são diferentes."

"O skate não tinha uma associação mundial séria antes da World Skate assumir. O skate só é olímpico por causa dos esforços da federação internacional de esportes de patins. Nós precisamos seguir a carta olímpica, que exige que cada país tenha apenas uma confederação que trate das modalidades sob a responsabilidade da federação internacional correspondente."

Já o Comitê Olímpico do Brasil se posicionou com uma nota e deixou a responsabilidade sobre a definição para a World Skate.

"O COB informa ser uma exigência da Carta Olímpica que apenas uma única entidade por país trate de todas as modalidades sob a responsabilidade da Federação Internacional correspondente. A solução da questão não a por decisão do COB, pois ao comitê cabe somente conceder filiação à entidade que seja vinculada à Federação Internacional. Ou seja, cabe à World Skate definir qual Confederação será a responsável pela representação do skate no Brasil. O COB continuará a apoiar a preparação dos atletas e equipes que buscam a participação nos Jogos Olímpicos e reitera a necessidade de adequação das entidades que compõem o Sistema Olímpico Brasileiro às exigências da Carta Olímpica".

Na visão do presidente da CBSk, a Carta Olímpica deixa claro que um mesmo esporte não pode ter duas confederações no mesmo país, mas de esportes distintos não há qualquer tipo de problema.